PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: Recomendações complementares para o cuidado com pacientes com maior vulnerabilidade para lesão por pressão

Recomendações complementares para o cuidado com pacientes com maior vulnerabilidade para lesão por pressão

Pacientes em cuidados paliativos

As recomendações apresentadas nesta página são complementares às recomendações gerais para prevenção e manejo da lesão por pressão.


Pacientes em cuidados paliativos têm risco elevado para o desenvolvimento de LP pois geralmente estão no final da vida e apresentam falência múltipla de órgãos.

A perda da integridade da pele muitas vezes é inevitável e a cicatrização das lesões nem sempre é uma meta realística. As metas, sob o aspecto dos cuidados paliativos, são oferecer conforto e minimizar o impacto da ferida na qualidade de vida do paciente, sem a intenção explícita de obter a cicatrização. Assim, é importante implementar intervenções de prevenção e tratamento de acordo com os desejos do indivíduo considerando o seu estado de saúde geral. O foco do cuidado é direcionado para reduzir ou eliminar a dor, o odor e a infecção e promover uma qualidade de vida desejada pelo paciente e familiares. Nessa perspectiva, paciente e familiares devem ser educados sobre os objetivos dos cuidados (LANGEMO; BLACK; NPUAP, 2010).

A avaliação do risco do paciente para desenvolver LP e/ou outras novas lesões deve ser feita por meio do raciocínio clínico do profissional e auxiliado por instrumentos, no momento da admissão em um serviço de saúde e regularmente, tendo em vista que a sua condição pode piorar.

A Hunters Hill-Marie Curie Centre Risk Assessment Tool é uma escala desenvolvida especificamente para indivíduos adultos em cuidados paliativos. Tem as mesmas sub-escalas da Escala de Braden, embora adiciona uma nova dimensão referente às condições da pele (CHAPLIN, 2010).

As recomendações gerais de reposicionamento apresentadas anteriormente no módulo também são adequadas para os pacientes em cuidados paliativos, porém o reposicionamento do paciente em intervalos periódicos, deve levar em conta os seus desejos, conforto e tolerância, de modo que pacientes e familiares precisam ser informados da finalidade desse reposicionamento. Pacientes que apresentam dor significativa durante a movimentação devem ser medicados 20 a 30 minutos antes da mudança de posição. Os pacientes podem fazer uso de outras superfícies de suporte que melhoram a redistribuição da pressão e o seu conforto. Procurar reposicioná-los pelo menos de 4 em 4 horas, em um colchão que redistribua a pressão (por exemplo, colchão de espuma visco elástico), ou de 2 em 2 horas em um colchão normal.

Diante disso, torna-se imprescindível, documentar a frequência da movimentação e reposicionamento, bem como os fatores que influenciarem as decisões (por exemplo, desejos individuais ou necessidades médicas).

Igualmente importante, e procurar atender as necessidades de nutrição e hidratação de forma a satisfazer a condição e desejo do paciente. Para isso, deve ser fornecido suplemento proteico quando a meta do tratamento for obter a cicatrização da lesão.

O paciente em cuidados paliativos, cujos sistemas corporais estejam em falência, geralmente não têm o aporte fisiológico necessário para que a LP cicatrize. Dessa forma, o objetivo dos cuidados pode consistir em manter ou melhorar o estado da LP em vez de curá-la.

Mesmo que a LP não possa ser curada, o cuidado visa melhorar a qualidade de vida do paciente mantendo o conforto, reduzindo a dor controlando o odor e o exsudato da ferida.

O manejo do odor pode ser feito por meio da limpeza regular da ferida; avaliação e tratamento da infeção; desbridamento de tecido desvitalizado; uso de coberturas de carvão ativado.

O uso de metronidazol tópico pode controlar o odor nas lesões com infecções por bactérias anaeróbias e protozoários como Trichomonas. Nos Estados Unidos, o gel de metronidazol (0,75%) pode ser aplicado no leito da ferida e coberto com gaze com solução salina ou hidrogel, além de ser indicado realizar a troca diária do curativo (GOLDBERG; BRYANT, 2012). No Brasil, como não há formulações prontas de metronidazol nessa concentração para uso tópico, a manipulação de comprimidos de metronidazol associados ao soro fisiológico torna-se necessária, no entanto necessita de prescrição médica, pois caracteriza o uso off label do medicamento, ou seja, o uso não aprovado (BRASIL, 2005; CASTRO; SANTOS, 2015).

Quando o paciente estiver no domicílio, utilizar produtos para controlar ou disfarçar o odor no ambiente, como por exemplo, carvão ativado, areia para gatos, vinagre, baunilha, grãos de café, velas acesas e sachês aromatizados (GUIDELINE 2014).

A dor da LP deve ser diagnosticada e tratada. A troca do curativo pode causar dor, assim é importante utilizar um produto que não necessite ser substituído com frequência e que proporcione menos dor.

Chegamos ao fim dos Pacientes em cuidados paliativos!

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O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.