PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: Recomendações complementares para o cuidado com pacientes com maior vulnerabilidade para lesão por pressão

Recomendações complementares para o cuidado com pacientes com maior vulnerabilidade para lesão por pressão

Continue navegando em busca de conhecimento.

Pacientes obesos

As recomendações apresentadas nesta página são complementares às recomendações gerais para prevenção e manejo da lesão por pressão.


A obesidade está associada a várias doenças e problemas de saúde que afetam a pele e tecidos subjacentes, embora ainda não esteja clara uma relação causal entre obesidade e o desenvolvimento da LP.

A relação entre o índice de massa corporal (IMC) e a ocorrência de LP é baseada em dados epidemiológicos e experiência clínica que apontam que tanto os pacientes muito magros quanto pacientes com sobrepeso ou obesos possuem alto risco de desenvolver LP quando comparados a pacientes com IMC normal.

Indivíduos com obesidade mórbida podem ter maceração, inflamação e necrose tecidual, principalmente em locais com dobras profundas e largas da pele. Tanto o aumento do peso, que exerce carga adicional nos tecidos e causa oclusão vascular, como a fragilidade da estrutura vascular e linfática são responsáveis por essas complicações.

Responsive image

Desafios na prevenção e tratamento de LP para pacientes obesos:

  • Os pacientes obesos possuem maior dificuldade de se mover, tanto de forma independente quanto com auxílio de outra pessoa;
  • A inspeção das proeminências ósseas e redistribuição da pressão é mais difícil;
  • O cisalhamento e a fricção nas regiões dos calcanhares e sacral aumentam na medida em que o paciente obeso arrasta se para sair da cama;
  • O peso do abdome aumenta a pressão sobre o intestino e a bexiga, aumentando, consequentemente, o risco de incontinência de esforço, de maceração da pele e diaforese;
  • A obesidade pode comprometer a respiração devido ao prejuízo do movimento diafragmático e consequente prejuízo da perfusão dos tecidos.

Os profissionais envolvidos na assistência a pacientes obesos devem receber treinamento apropriado de forma a fornecer o cuidado com segurança e respeito e assim evitar lesões tanto nos pacientes como em si mesmos.

As instituições devem maximizar a segurança no ambiente de trabalho por meio da implementação de estratégias de tratamento bariátrico em nível organizacional incluindo técnicas de movimentação manual. Superfícies de suporte para redistribuição da pressão e outros equipamentos devem ser adequados ao tamanho e ao peso do paciente.

A avaliação do risco para LP em pacientes obesos deve incluir o cálculo do IMC para classificar a obesidade e adequar o plano de cuidados. O paciente obeso, apesar de não parecer, pode estar desnutrido e, portanto, deve ser submetido a uma avaliação nutricional completa por um nutricionista ou por uma equipe interprofissional da área da nutrição.

As LPs desenvolvem-se sobre proeminências ósseas, mas nos pacientes obesos podem também se desenvolver em outras regiões com elevada concentração de tecido adiposo. A pele deve ser avaliada em toda a superfície corporal incluindo todas as dobras. Nesse sentido, torna-se importante distinguir as dermatites intertriginosas das LP de Estágio 1 e 2.

Diante desse cenário, os equipamentos que auxiliam na assistência em saúde também devem ser adequados para os pacientes obesos.

A cama do paciente obeso deve ter as especificações adequadas em relação à capacidade de tamanho e peso para permitir reposicionar o paciente sem tocar nas barras laterais da cama. A superfície de suporte deve ser avaliada frequentemente em busca de afundamento ou deformação devido ao peso do corpo (Figura 1).

Figura 1: Avaliação da redistribuição da pressão pela superfície de suporte

Responsive image

Fonte: MAKLEBUST; SIEGREEN, 1996.


As cadeiras convencionais e cadeiras de rodas devem ser suficientemente largas e fortes para suportarem o tamanho e o peso do paciente. Quando o paciente obeso estiver sentado, deve utilizar uma almofada adequada de redistribuição de pressão e verificar rotineiramente o seu afundamento ou deformação.

Sempre que possível, deve-se fornecer bengalas, trapézios para auxiliar na elevação no leito e outros dispositivos de apoio com o objetivo de manter a mobilidade e a independência do paciente.

Chegamos ao fim dos Pacientes obesos!

Veja outras recomendações complementares para o cuidado com pacientes com maior vulnerabilidade para lesão por pressão.


O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.