PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: Manejo da lesão por pressão

Manejo da lesão por pressão


Vários agentes físicos têm sido estudados no tratamento das lesões por pressão. Todos fornecem algum tipo de energia biofísica com o objetivo de promover a cicatrização. As formas mais comuns de agentes biofísicos incluem a energia proveniente de:

  • espectro eletromagnético: estimulação elétrica, campos eletromagnéticos, energia de radiofrequência pulsátil e fototerapia;
  • energia acústica: ultrassom de alta e baixa frequência;
  • energia mecânica: energia subatmosférica (terapia de feridas por pressão negativa, sucção), energia cinética (hidroterapia, lavagem pulsátil, vibração) e energia atmosférica (oxigênio hiperbárico tópico).

ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA, TERAPIAS ELETROMAGNÉTICAS E ENERGIA DE RADIOFREQUÊNCIA PULSÁTIL

Estimulação elétrica, terapia eletromagnéticas e energia de radiofrequência pulsátil podem ser utilizados para facilitar a cicatrização de feridas em lesões por pressão reincidentes de Estágio 2, 3 e 4.


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Deve ser cuidadosamente utilizada em pacientes de circulação deficiente, na presença de tecido desvitalizado, em pacientes com febre, hemorragias ativas, convulsões ou desidratados.

FOTOTERAPIA: TERAPIA COM INFRAVERMELHOS, LASER E TERAPIA COM LUZ ULTRAVIOLETA

A fototerapia inclui a terapia com infravermelhos, laser e terapia com luz ultravioleta.


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Por sua vez, a terapia com luz ultravioleta pode ser utilizada como terapia complementar para reduzir a carga bacteriana em LPs altamente colonizadas de Estágio 3 e 4 que tenham sido desbridadas e limpas, caso as terapias tradicionais não tenham obtido sucesso.

ENERGIA ACÚSTICA (ULTRASSOM)

O ultrassom de alta frequência (MHz) pode ser utilizado como um complemento ao tratamento das lesões por pressão infectadas. No entanto, a sua utilização não é recomendada em áreas anatômicas com materiais ou dispositivos implantados.

A utilização de ultrassom de baixa frequência (22,5; 25 ou 35 kHz) tem como finalidade o desbridamento de tecido necrótico macio, mas não do tecido necrótico seco.

O ultrassom de baixa frequência que não precisa de tocar a ferida não deve ser utilizado perto de próteses, de dispositivos eletrônicos implantados (por exemplo, marca-passos cardíacos), na zona lombar ou no útero de mulheres grávidas; de neoplasias; ou do rosto/cabeça.


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TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA (TPN)

A TPN tem grande eficácia para reduzir o tamanho da ferida e pode servir como terapia adjuvante quando combinada com o desbridamento e outros tratamentos que promovem a cicatrização, como suporte nutricional e redistribuição da pressão.

Nessa perspectiva, a TPN reduz o tamanho da ferida e prepara o seu leito para enxerto de pele ou fechamento de retalho, da mesma forma que promove a cicatrização removendo o edema do espaço intersticial, melhora a nutrição e oxigenação tecidual, remove o exsudato da ferida e promove a granulação dos tecidos e a angiogênese.

A TPN é indicada como tratamento inicial complementar para lesões por pressão profundas de Estágio 3 e 4. Em contrapartida, a terapia não é recomendada para utilização em feridas inadequadamente desbridadas, com necrose seca ou malignas, no caso de exposição de órgãos vitais, em feridas sem exsudado ou em indivíduos com coagulopatia não tratada, osteomielite ou infecção clínica sistêmica ou local.

Recomenda-se a sua utilização cuidadosa em pacientes em uso de terapia anticoagulante ou com feridas com hemorragias ativas ou ainda quando a ferida está muito próxima dos vasos sanguíneos calibrosos.

A TPN deve ser utilizada em lesões por pressão sem tecido necrótico, de forma que se torna necessário, primeiramente, realizar o desbridamento dos tecidos necróticos

O intervalo ideal para a substituição de curativos não está definido e deve basear-se nas características de cada indivíduo e da ferida, sendo que a LP deve ser avaliada sempre que o curativo for substituído.

Se o paciente relatar dor, considerar:

  • Colocar uma cobertura não aderente sobre o leito da ferida, por baixo da espuma;
  • Baixar o nível de pressão e/ou alterar o tipo de pressão (contínua ou intermitente); e/ou
  • Utilizar uma gaze úmida como enchimento em vez da espuma.

HIDROTERAPIA: HIDROMASSAGEM E LAVAGEM PULSÁTIL COM/SEM SUCÇÃO

A hidroterapia utiliza água ou solução salina para estimular a cicatrização, a limpeza e o desbridamento da ferida. A água morna fornece calor superficial aos tecidos e pode ter efeitos fisiológicos no aumento da perfusão e vasodilatação, aumentando a demanda de oxigênio para melhorar a cicatrização.

A hidromassagem é raramente utilizada e não é recomendada por muito tempo. Consiste em uma banheira de plástico ou metal com um agitador/turbina cheia com água aquecida de tamanho adequado para submergir uma parte do corpo. Após a imersão, é necessário lavar vigorosamente a ferida e a pele com água morna potável para remover bactérias e efluentes da água, devido ao risco de contaminação da ferida.

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Essa terapia é contraindicada para pacientes dependentes com edema dos membros inferiores ou doença vascular periférica, imunocomprometidos, mecanicamente ventilados e letárgicos e incontinentes.

Lavagem pulsátil com/sem sucção é a irrigação da ferida com solução salina com uma pressão entre 4 e 15 psi (pressão de irrigação) utilizando um dispositivo mecânico com a intenção de realizar o desbridamento da LP. A sucção (com uma pressão menor que a atmosférica) pode ser utilizada concomitantemente para aspirar os restos da ferida e remover microrganismos.

TERAPIA DE VIBRAÇÃO, OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA E OXIGENOTERAPIA TÓPICA

A terapia de vibração promove a cicatrização da ferida aplicando vibração mecânica em parte ou em todo o corpo. Essa terapia estimula o fluxo sanguíneo devido ao estresse mecânico das células endoteliais, resultando na vasodilatação.

A oxigenoterapia hiperbárica é uma terapia em que o paciente respira oxigênio a 100% em uma pressão maior que a atmosférica.

A oxigenoterapia tópica é a aplicação de oxigênio a 100% diretamente na ferida com pressões que variam de 22mmHg a 50mmHg.

Devido à evidência atualmente insuficiente para sustentar ou refutar a utilização dessas terapias no tratamento das lesões por pressão, elas não são recomendadas para uso rotineiro (NATIONAL PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL; EUROPEAN PRESSURE ULCER ADVISORY PANEL; PAN PACIFIC PRESSURE INJURY ALIANCE, 2014b).

Chegamos ao fim dos Agentes biofísicos no tratamento das lesões por pressão!

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O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.