PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: Manejo da lesão por pressão

Manejo da lesão por pressão


As bactérias estão presentes em todas as superfícies cutâneas. Quando a defesa primária da pele intacta desaparece, as bactérias passam a residir na superfície da ferida. A infecção surge quando essas bactérias (em grandes quantidades ou pela sua virulência em relação à resistência do hospedeiro) causam danos no corpo. A infecção da ferida pode também estar associada a biofilmes.

AVALIAÇÃO

As LPs ocorrem em consequência da isquemia e são suscetíveis ao desenvolvimento de infecção por falta de oxigênio, nutrição, anticorpos e antibióticos nos tecidos. Importante destacar ainda que os fatores de risco para o desenvolvimento de LP comprometem as defesas do paciente e que a infecção da LP pode estar associada à presença de biofilme.

Na assistência a pacientes com infecção, as normas para controle e prevenção de contaminação cruzada e auto-contaminação devem ser seguidas.

Durante a avaliação da LP, deve-se suspeitar de infecção local:

  • Quando a ferida não apresenta sinais de cicatrização após duas semanas do início do tratamento;
  • Presença de tecido de granulação friável;
  • Aumento do tecido necrótico;
  • Odor fétido;
  • Aumento do exsudato ou piora no seu aspecto (sanguinolento, purulento);
  • Aumento do calor no tecido ao redor da ferida;
  • Quando o paciente refere aumento da dor no local.

As LPs têm risco de infecção quando:

  • Apresentam tecido necrótico ou algum corpo estranho;
  • Estão presentes por um longo período de tempo;
  • Têm grandes dimensões e profundidade;
  • São suscetíveis de serem contaminadas repetidamente (por exemplo, perto do ânus).

Pacientes têm maior risco de infecção na LP quando apresentam diabetes mellitus, desnutrição proteico-calórica, perfusão tecidual deficiente, doenças autoimunes ou imunossupressão. A maior parte das LPs de Estágio 3 e 4 ocorrem em idosos que apresentam comorbidades que aumentam o seu risco e dificultam a cicatrização.

A presença de biofilme pode estar associada à dificuldade para a LP cicatrizar.


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DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO

Lesões crônicas podem causar infecção sistêmica aguda. Nesse sentido, existem sinais clássicos locais e sistêmicos que auxiliam na sua detecção como:

  • Presença de eritema que se estende desde a borda da lesão;
  • Endurecimento;
  • Aumento do tamanho da lesão;
  • Drenagem purulenta;
  • Início ou aumento da dor ou calor local;
  • Presença de crepitação, flutuação ou descoloração da pele circundante;
  • Febre;
  • Mal-estar;
  • Linfonodomegalia;
  • Confusão/delírio;
  • Anorexia (principalmente em idosos).

Na ausência de sinais clínicos de infecção, recomenda-se determinar a quantidade de microrganismos (carga microbiana) como o melhor indicador de infecção da ferida. O método considerado padrão-ouro para analisar a carga microbiana é a cultura quantitativa de tecido viável da ferida coletado por meio de biópsia. Considera-se que existe infecção se o resultado indicar uma carga microbiana igual ou maior do que 105 (1.000.000) por grama de tecido e/ou a presença de estreptococo beta-hemolítico. A identificação de microrganismos pela técnica com swabs da superfície da lesão revelam apenas os que a colonizam e não os responsáveis pela infecção.

TRATAMENTO

Muitos fatores sistêmicos contribuem para o desenvolvimento das lesões por pressão. Se esses mesmos fatores puderem ser melhorados, consequentemente a capacidade intrínseca do indivíduo combater a infecção também irá melhorar.

As LPs próximas do ânus estão sujeitas à contaminação, especialmente por bactérias presentes nas fezes. Uma limpeza minuciosa da pele e o uso de curativos e o uso de produtos tópicos para prevenir o contato da lesão com as fezes podem auxiliar na prevenção da contaminação.


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Os antissépticos podem ser citotóxicos para células essenciais no processo de cicatrização como os fibroblastos, queratinócitos e leucócitos. Entretanto, quando há um atraso na cicatrização de feridas devido à suspeita de infecção ou quando a infecção foi confirmada, a necessidade do uso supera o risco de toxicidade. Alguns dos antissépticos mais frequentemente utilizados são os compostos de iodo (povidona-iodo e cadexômero de iodo de liberação lenta), os compostos de prata (incluindo sulfadiazina de prata), polihexanida e betaína (PHMB) e clorexidina. Os antissépticos tópicos podem ser utilizados em conjunto com desbridamento de manutenção nas lesões de difícil cicatrização com suspeita de presença de biofilme para seu controle ou erradicação. Da mesma forma, podem ser usados em úlceras criticamente colonizadas ou infectadas em pacientes em cuidados paliativos.

O uso de antibióticos tópicos deve ser evitado para tratamento das LPs devido aos riscos de efeitos adversos e em virtude da resistência antimicrobiana, exceto em situações especiais em que o benefício para o paciente supere os riscos.

Os antibióticos sistêmicos devem ser utilizados em pacientes com evidência clínica de infecção sistêmica (com hemoculturas positivas, celulite, fasceíte, osteomielite, síndrome de resposta inflamatória sistêmica ou sepse). No caso do surgimento de abcessos locais, esses devem ser drenados para evitar infecção local ou sistêmica disseminada.

Em LP com exposição de estruturas ósseas, se o osso estiver áspero ou macio ou em lesões que não respondem ao tratamento, o profissional deverá avaliar se há presença de osteomielite, uma vez que as LP com osteomielite dificilmente cicatrizam completamente sem tratamento específico.

Chegamos ao fim da Avaliação e tratamento da infecção e biofilmes!

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O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.