PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: Intervenções para prevenção e tratamento da lesão por pressão

INTERVENÇÕES PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Nutrição

Suprir necessidades nutricionais com auxílio de um profissional especializado contribui para a prevenção e manejo da lesão por pressão.



A avaliação do estado nutricional e de hidratação deve ser incluída na análise do risco de o paciente desenvolver lesão por pressão (LP).

Desnutrição e desidratação podem acarretar perda de peso e de massa muscular, tornando as proeminências ósseas mais salientes e dificultando a mobilidade do paciente.

A desnutrição e a alteração do equilíbrio hídrico levam à formação de edema e redução do fluxo sanguíneo para a pele, resultando em isquemia e, assim, contribuindo para a lesão do tecido.


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Para uma boa cicatrização, é fundamental que o paciente consuma todos os nutrientes essenciais (proteína, carboidrato, gordura, água, vitaminas e minerais) em quantidades adequadas às suas necessidades (DORNER; POSTHAUER; FRIEDRICH, 2016).


RASTREAMENTO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL


Para melhorar a abordagem e a identificação dos pacientes em risco nutricional, é recomendado o uso rotineiro de procedimentos simples de rastreamento. O rastreamento nutricional identifica indivíduos que estão mal nutridos ou em risco de desenvolver desnutrição, e que podem, portanto, se beneficiar de suporte nutricional específico. Para tanto, é necessária a aplicação de uma ferramenta simples, efetiva e validada por um profissional qualificado (GUIGOZ; VELLAS, 1997; KONDRUP et al., 2003; KRUIZENGA et al., 2004; LANGKAMP-HENKEN et al., 2005; NEELEMAAT et al., 2008; POULIA et al., 2012).

O rastreamento do estado nutricional de cada indivíduo em risco de desenvolver ou com LP existente deve ser realizado:

  • No momento de admissão na instituição de saúde ou durante a primeira consulta ou visita domiciliar, no contexto da comunidade;
  • Em cada alteração significativa da condição clínica;
  • Quando não se observa melhora na cicatrização da LP.

O indivíduo identificado como desnutrido, em risco de desnutrição ou com LP deve ser encaminhado ao nutricionista.

A avaliação deve incluir o peso do indivíduo e se existem perdas importantes não intencionais (≥ 5% em 30 dias ou ≥ 10% em 180 dias). Nesse sentido, é importante averiguar a capacidade do indivíduo para se alimentar de forma independente e a adequação da ingestão total de nutrientes considerando suas necessidades calóricas.

Para tanto, um plano individualizado de cuidados nutricionais deve ser desenvolvido para indivíduos em risco de desenvolver ou com LP existente, com base nas necessidades nutricionais, na via de alimentação e nos objetivos de cuidados, conforme a avaliação realizada. O plano individualizado de intervenção nutricional deve ser elaborado por nutricionista, em conjunto com os outros membros da equipe multidisciplinar.


INGESTÃO ENERGÉTICA E PROTEICA, HIDRATAÇÃO, VITAMINAS E SAIS MINERAIS


A ingestão energética individualizada deve ter como base a condição clínica de saúde, mudança de peso, nível de obesidade e de atividade do indivíduo. Os adultos que estiverem abaixo do peso ou que apresentem perdas significativas de peso de forma não intencional, podem precisar de suplementação complementar. Dessas forma, alimentos enriquecidos e/ou suplementos nutricionais orais de elevado teor calórico e proteico devem ser oferecidos nos intervalos das refeições para combater ou evitar essa situação.


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Caso a ingestão oral for insuficiente, deve-se considerar a utilização de nutrição por via enteral ou parenteral, dando preferência para a via enteral se o trato gastrointestinal estiver preservado e funcionando.

Nos pacientes em risco ou com LP, o fornecimento de proteínas precisa ser adequado. A ingestão proteica adequada é essencial para manter os níveis de nitrogênio, que é fundamental para o processo de cicatrização, e fornecer sustentação da pele, cartilagem e músculos (DORNER; POSTHAUER; FRIEDRICH, 2016).

A avaliação da função renal por sua vez permitirá investigar se níveis proteicos elevados são adequados ao paciente. Com base no número das lesões por pressão, no estado nutricional geral, nas comorbidades e na tolerância a intervenções nutricionais, o julgamento clínico do profissional poderá determinar o nível proteico adequado a cada indivíduo.

Pacientes com LP de Estágio 3 ou 4 ou com múltiplas lesões, cujas necessidades nutricionais não podem ser supridas com suplemento calórico e proteico tradicional, devem receber suplementos de elevado teor proteico, com arginina e macronutrientes.

Líquidos são solventes de minerais, vitaminas, aminoácidos e glicose e ajudam a manter a temperatura corporal, o transporte de nutrientes para as células e dos resíduos metabólicos (DORNER; POSTHAUER; FRIEDRICH, 2016). Vitaminas e sais minerais são essenciais para a formação de colágeno, absorção de ferro, metabolismo de proteínas, manutenção do sistema imune e para a formação de glóbulos vermelhos.

Um paciente avaliado com risco de desenvolver LP ou já com a LP deve ter uma ingestão adequada de líquidos diariamente.

Diante desse cenário, torna-se imprescindível observar eventuais sinais e sintomas de desidratação nos pacientes, incluindo alteração de peso, turgor da pele, débito urinário, níveis séricos de sódio elevados e/ou a osmolalidade sérica calculada. Igualmente importante será providenciar hidratação adicional a indivíduos desidratados, com temperaturas elevadas, vômitos, sudorese intensa, diarreias ou feridas altamente exsudativas.

Caso o paciente for avaliado risco de desenvolver LP ou já a tenha, deve-se providenciar uma dieta equilibrada que inclua fontes de vitaminas e sais minerais, bem como considerar o uso de suplementos de vitaminas e sais minerais sempre que a ingestão alimentar for insuficiente ou houver suspeita de deficiências nutricionais.

Chegamos ao fim da Nutrição!

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O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.