PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO: SEGURANÇA DO PACIENTE

SEGURANÇA DO PACIENTE NA PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO


Nos últimos anos, o número de pesquisas epidemiológicas com estudos de incidência e prevalência da LP aumentou consideravelmente, permitindo melhor compreensão da dinâmica de seu desenvolvimento.

Estudos sobre a ocorrência de LP são cada vez mais utilizados como ferramentas de refinamento das práticas de prevenção, pois permitem avaliar a variação do número de indivíduos acometidos pelo problema, a qualidade do cuidado em saúde e a eficácia das iniciativas de prevenção.

A investigação da ocorrência da LP constitui o primeiro passo para caracterizar a situação de forma quantitativa, podendo ser uma ferramenta utilizada em pesquisa epidemiológica ou em programas de melhoria de qualidade (INTERNATIONAL GUIDELINES, 2009).

Nesse sentido, existem métodos bastante específicos para a realização de estudos de incidência e prevalência.

A prevalência mede a proporção de uma população que tem LP em um determinado período de tempo, incluindo as pessoas admitidas nas instituições de saúde com a lesão e aquelas que desenvolveram a lesão após a admissão. A incidência, por sua vez, mede a taxa de ocorrência de novos casos de LP em pacientes em risco de desenvolver a lesão, em um determinado período de tempo. O cálculo da incidência pode ser complexo devido ao elemento tempo, que pode ser, por exemplo, dias ou meses (INTERNATIONAL GUIDELINES, 2009).

Importante destacar que a LP é um indicador da qualidade da assistência prestada nos serviços de saúde.

No Brasil, as taxas de ocorrência da LP nas instituições de saúde devem ser notificadas junto ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). Em cada instituição, a ocorrência da lesão deve ser mapeada e os casos analisados de forma a proporcionar a melhoria da assistência oferecida. Os enfermeiros são os profissionais responsáveis não só pela avaliação dos pacientes quanto ao risco para a LP, mas também pela assistência e prescrição de enfermagem quanto às medidas de prevenção e tratamento, educação de outros profissionais e notificação da ocorrência junto ao SNVS por meio do sistema informatizado Notivisa (BRASIL, 2018).

No período de março de 2014 a janeiro de 2018, das 175.672 notificações ao SNVS de incidentes relacionados à assistência à saúde, 31.387 (17,9%) corresponderam às lesões por pressão. Durante esse período, a LP foi o terceiro tipo de evento mais frequentemente notificado pelos Núcleos de Segurança do Paciente dos serviços de saúde do país.

Segundo dados do SNVS, nesse período foram notificados cerca de 4.711 never events ou eventos que nunca deveriam ocorrer em serviços de saúde e, desses, 94% eram de LP. A maior ocorrência de eventos (3.462 - 73,5%) foi de LP de Estágio 3, seguida de LP de Estágio 4 (985 - 21%). Ademais, dentre os 948 óbitos notificados ao SNVS no mesmo período, de pacientes que tiveram incidentes, 34 (4%) foram relacionados à LP (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2018).


RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA


A guideline de Prevenção e Tratamento da LP destaca que para a realização de estudos sobre a prevalência e a incidência de LP deve-se utilizar um desenho metodológico rigoroso com mensuração das variáveis de forma consistente.

Nessa perspectiva, um estudo rigoroso deve incluir:

  • Definição clara da população do estudo, antes da coleta de dados;
  • Capacitação dos profissionais que coletarão dados para que todos tenham os mesmos critérios de avaliação e os dados sejam confiáveis;
  • Realização de inspeção da pele dos pacientes e classificação do estágio das lesões por pressão;
  • Realização da inspeção da pele por dois avaliadores.

Ao calcular a prevalência e incidência é importante:

  • Conhecer a definição do termo e a equação para o seu cálculo;
  • Ter conhecimento para coletar os dados de incidência e prevalência. Se os dados não forem coletados corretamente, os índices não terão significado;
  • Contar somente as pessoas com LP e não o número de lesões;
  • Não incluir no cálculo indivíduos sem LP, mas com outros tipos de lesão de pele, como perda de pele por abrasão ou remoção de adesivos em pontos onde não há pressão (como nos antebraços de idosos), úlceras nos pés de diabéticos, infecção por fungo, herpes genital etc.;
  • Definir se LP de todos os estágios serão incluídos no estudo;
  • Ter consciência que esse tipo de investigação demanda investimento de tempo, assim é necessário planejar o que será feito com os dados, considerando as políticas institucionais, procedimentos, processos de comunicação e educação de pessoal.

As taxas de prevalência e incidência devem ser comparadas com dados institucionais, nacionais e/ou internacionais, (usando metodologias semelhantes) para uma melhor compreensão da ocorrência da LP.

Para avaliar programas de prevenção de LP, deve-se utilizar taxas de incidência, em vez de taxas de prevalência. A taxa de incidência possibilita identificar o número de indivíduos que desenvolveram a LP após a admissão nas instituições e, dessa forma, pode ajudar a melhorar a qualidade das iniciativas para a prevenção.

Os resultados dos estudos de prevalência e incidência devem ser apresentados considerando o nível de risco dos pacientes para desenvolverem as lesões, as localizações anatômicas mais comuns, e os estágios. Deve-se destacar na apresentação dos resultados se os pacientes com lesões de Estágio 1 foram incluídos ou excluídos no cálculo final das taxas.

Finalmente, importante mencionar que indivíduos com lesões por pressão em membrana mucosa devem ser incluídos nos estudos, embora essas lesões não sejam classificadas em estágios.

Chegamos ao fim da Prevalência e incidência de lesão por pressão!

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O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO POR PRESSÃO, desenvolvido em 2018, compõe parte da tese de doutorado do Enfermeiro Rodrigo Magri Bernardes.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.