INFORME-SE SOBRE ÚLCERA VENOSA
A porcentagem de úlceras que cicatrizam com o tratamento clínico varia. A literatura documenta que 49% a 85% de casos de úlceras são curadas através de métodos não-cirúrgicos.
Tratamento da estase venosa para diminuição ou resolução do edema
A) Elevação da perna na posição sentada
B) Deambulação
1. Caminhadas e exercicíos melhoram a função da articulação do tornozelo e da bomba do músculo da panturilha
C) Terapia compressiva
Bota de Unna
3.1. Avalie a perna para a utilização adequada da Bota de Unna
3.2. Lave e seque a extremidade inferior. Certifique-se de que os pulsos estejam adequados. Se houver equipamento disponível, utilize-o para determinar o Indice Tornozelo Braço (ITB) que avalia o fluxo sanguíneo arterial.
3.3. Avalie a ferida. Decida se um curativo ou cobertura deverá ser colocado sobre a ferida ou se somente a Bota de Unna deverá ser utilizada. Às vezes, uma cobertura de hidrocolóide, de espuma, ou de alginato ajudam a diminuir a dor do paciente. Quando a ferida tiver muito exsudato, aplique uma cobertura para absorver a secreção.
3.4. Aplique loção hidratante ou vaselina à pele ressecada da perna.
3.5. Peça ao paciente para manter o pé em um ângulo de 90 graus em relação à perna. Ele não deve manter o pé em posição de bailarina. O ângulo de 90 graus fará com que o curativo seja mais confortável durante o caminhar.
3.6. Comece a enrolar a Bota de Unna logo acima dos dedos na região metatársica e continue até que chegar a 3 cm abaixo do joelho. Envolva com 75% de sobreposição em cada volta. A bandagem pode ser dobrada ou cortada para evitar rugas. Alise a bandagem conforme você avança.
3.8. Se houver sobras da atadura da Bota de Unna quando esta chegar ao joelho, a atadura poderá ser cortada e reaplicada do tornozelo para cima.
3.9. Quando a ferida tiver muito exsudato, após aplicar a Bota de Unna coloque sobre ela uma cobertura de gaze ou gaze com algodão para absorver a secreção e aplique uma atadura elástica para fazer a compressão.
Educação dos pacientes em relação aos cuidados com a Bota de Unna
A educação do paciente e familiares é importante para obter a adesão ao tratamento.
A Bota de Unna deve ser trocada semanalmente, porém trocas mais ou menos frequentes podem ser feitas, dependendo da quantidade de secreção. Para pacientes com grande volume de secreção, pode ser necessário trocá-la 2 vezes por semana.
A Bota deve ser mantida seca. Para tomar banho, a perna deve ser embrulhada em plástico para que não haja contato com a água. O plástico que envolve o pé ficará escorregadio; a pessoa deverá tomar cuidado para não escorregar e cair no banheiro.
O paciente deve elevar a perna quando estiver sentado. Deve ser estimulado a caminhar. Deve ser desencorajado a permanecer de pé em um único lugar ou sentado durante longos períodos com as pernas dependuradas.
Observar os sinais/sintomas de insuficiência arterial: dedos pálidos ou azulados; inchaço severo acima do curativo; dor ou falta de sensibilidade nos dedos dos pés.
Observar os sinais/sintomas de infecção: dor crescente, vermelhidão se espalhando pelas pernas acima ou aos dedos dos pés, sensação de calor nas pernas ou aumento de temperatura ao toque, aumento de odor, etc.
D) Uso de meias elásticas para compressão
As meias de compressão são disponíveis em vários tamanhos, com diferentes pressões e tipos. Ao ser determinada a necessidade de meias é importante que a indicação clínica seja definida assim como a pressão. Assim, a prescrição de meias feita pelo profissional de saúde deve mencionar as medidas e a pressão.
As meias anti-embolia no Brasil, fornecem a pressão no tornozelo ao redor de 18 mmHg. São indicadas para a prevenção de Trombose Venosa Profunda (TVP).
As meias indicadas para profilaxia de varizes ou descanso, fornecem a pressão de 15 a 20 mmHg.
As meias com 20 a 30 mmHg são utilizadas para insuficiência venosa inicial e varizes leves.
As meias com 40 – 50 mmHg ou de alta compressão, são utilizadas por pessoas com insuficiencia venosa avançada, após a cicatrização da úlcera principalmente quando ocorre recidiva. Essas meias são extremamente apertadas e a maioria das pessoas apresenta dificuldade para usar pois quanto mais alta a pressão, mais difícil é a colocação da meia.
Avaliação da capacidade da pessoa para a utilização da meia.
Determinação do estilo da meia
Tamanho da meia
Orientação ao paciente sobre como colocar as meias
g. As meias nunca devem ser deixadas onde possam ser queimadas por cigarros ou por um fogão, nem em lugares em que possam ser mastigadas por animais de estimação.
E. Terapia tópica
A avaliação da ferida deve ser feita, considerando a profundidade, a aparência do leito, presença e volume do exsudato e odor, os aspectos da borda e a área.
A limpeza é feita com soro fisiológico.
A seleção da cobertura será feita de acordo com os resultados da avaliação. Não existe um curativo ideal para todo o período de tratamento. A terapia tópica deve sempe ser acompanhada pela terapia compressiva.
A cobertura deve ser simples, não aderente, de baixo custo e aceitável para o paciente.
Nas úlceras intensamente exsudativas, utilizar coberturas que façam absorção do exsudato como hidrofibras ou alginato de cálcio.
Nas úlceras com pouco exsudato usar coberturas de espuma de poliuretano ou cobertura de hidrocolóide.
F. Educação do paciente com úlcera venosa
A educação do paciente deve abordar em termos compreensiveis, a fisiopatologia da doença venosa e da úlcera e os objetivos do tratamento.
O protocolo de tratamento incluindo a terapia compressiva e os curativos devem ser explicados incluindo: tipo curativo, como cuidar do curativo, frequência de trocas ou substituição do curativo, retornos ao serviço de saúde de acordo com agendamento e em emergências, cuidados para não bater ou lesar as pernas.
Importante enfatizar a necessidade da pessoa cuidar de outros aspectos da saúde como controle de doenças, controle do peso e manutençao de atividades físicas.
A escuta do paciente e os esclarecimentos quanto as dúvidas e preocupações irão auxiliar na adesão ao tratamento e na prevenção de recidivas.
Figura 1: Apresentação de membro inferior com características clínicas de doença e úlcera venosa.
Fonte: Acervo pessoal B. Pieper
Figura 2: Apresentação de membros inferiores com características clínicas de doença venosa e tratamento com Bota de Unna.
Fonte: Acervo pessoal B. Pieper
O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE ÚLCERA VENOSA foi desenvolvido de forma colaborativa entre a Escola de Enfermagem da Wayne State University, Detroit, Michigan, USA e a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.