INFORME-SE SOBRE ÚLCERA VENOSA

RECURSO EDUCACIONAL ÚLCERA VENOSA

Avaliação da Úlcera Venosa

Aprenda a realizar uma avaliação completa dos indivíduos com doença venosa e da úlcera venosa.


História clínica

A história clínica do paciente com úlcera venosa precisa ser investigada a fim de explorar riscos, causas e fatores que podem influenciar a cicatrização da lesão.

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  1. História clínica
    1. Considere a supressão do sistema imunológico devido ao câncer e HIV, assim como a supressão da resposta inflamatória através da utilização de terapia por radiação, quimioterapia e outras drogas. Esses pacientes necessitam de maior proteção contra ferimentos e podem apresentar cicatrização demorada ou prolongada.
    2. Considere distúrbios de transporte de oxigênio ou relacionados aos fatores de coagulação, tais como anemias, doença renal crônica, mau funcionamento crônico do fígado, problemas de coagulação, diabetes, vasculite, distúrbios da tireóide. Esses fatores podem determinar se a terapia de compressão pode ser utilizada no tratamento da úlcera.
  2. História de cirurgias
  3. História de edemas – considere as causas do edema
    1. Insuficiência cardíaca congestiva.
    2. Linfedema.
    3. Síndrome nefrótica.
    4. Drogas.
  4. História de gravidez
  5. Uso de drogas – cigarros, outras drogas como a heroína e cocaína, álcool
  6. Nutrição e peso corporal, especialmente a obesidade
    1. A nutrição deficiente pode retardar a cicatrização.
    2. A cicatrização exige o consumo de água, calorias adequadas, vitamina A and C, proteína, ferro, cálcio e zinco.
  7. Medicamentos – os medicamentos prescritos e os medicamentos obtidos sem receita médica precisam ser avaliados. Medicamentos como a prednisona e agentes imunosupressores podem exercer efeito negativo sobre a cicatrização. Muitos pacientes utilizam medicação tópica que é citotóxica à cicatrização
  8. História familiar
  9. Capacidade do paciente seguir os protocolos de tratamento:
    1. Manter os curativos intactos durante o período entre as consultas.
    2. Comparecer às consultas clínicas.
    3. Aprender a aplicar a compressão nas pernas.

Verifique o histórico das alteraçãoes da perna

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  1. Quando começaram as alterações na perna?
  2. Quando foi a primeira ocorrência de úlceras na perna?
  3. Como as úlceras foram tratadas anteriormente?
  4. Como a pessoa está cuidando das úlceras atualmente?
  5. Quais são os objetivos e as expectativas do paciente para o tratamento?

Controle e corrija outras condições clínicas

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  1. Problemas do coração.
  2. Hipertensão.
  3. Obesidade.
  4. Diabetes mellitus.
  5. Interrompa o uso de cigarros e outras drogas.

Avaliação das pernas

  1. Palpe para verificar o pulso pedioso e tibial posterior.
  2. Verifique o índice Tornozelo-Braço (ITB) se houver equipamento disponível.

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    Os limites dos valores comuns (h) possuem uma pequena variação de acordo com a referência):

    • >1,2 possível calcificação arterial; observada com a diabetes mellitus. O ITB deve ser cuidadosamente interrompido em pessoas com diabetes.
    • 1 – 1.2 Fluxo sanguíneo arterial periférico normal.
    • 0.8 – 1.0 Doença arterial oclusiva periférica leve.
    • 0.5 – 0.8 Doença arterial oclusiva periférica moderada. Pode estar associada à claudicação intermitente. A capacidade de cicatrização de feridas é geralmente mantida. <0.5 Doença arterial oclusiva periférica grave. A cicatrização é improvável a menos que a re-vascularização possa ser realizada.

3. Avalie as manifestações clínicas da doença venosa e classifique cada extremidade considerando a Classificação Clínica CEAP: sinais clínicos (C), etiologia (E), localização anatômica (A), fisiopatologia (P).

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Avalie a úlcera em relação as manifestações clínicas de infecção

  1. Eritema circundante.
  2. Cor da base da ferida.
  3. Cor e odor da secreção.
  4. Aumento das queixas de dor.
  5. Aumento de calor na área.
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Dor

Pesquisas têm demonstrado que as pessoas com úlceras venosas podem sentir dor. Como qualquer outra condição, a percepção de dor varia de pessoa para pessoa.

Descrições de dor incluem sensação de queimação, espetadas e latejamento. Descrita como forte ao levantar-se de manhã e ao tentar dormir á noite.

Medicamentos narcóticos (geralmente utilizadas por períodos curtos) e drogas anti-inflamatórias não-esteróides podem ser utilizadas para tratar a dor. Analgésicos devem ser selecionados levando-se em consideração a dor e outros problemas clínicos do paciente.

Determine a necessidade de exames laboratóriais

Os exames de laboratório comumente solicitados são: hemograma completo, glicemia em jejum e albumina plasmática.

A cultura de úlcera venosa com swab não faz parte da avaliação de feridas crônicas. Geralmente, as bactérias que habitam a superfície da úlcera não exercem nenhuma influência na cicatrização. Se a lesão não cicatrizar e houver suspeita de infecção, o profissional pode decidir encaminhar o paciente para fazer uma cultura por meio da biópsia.

Se a ferida não reagir à terapia, apresentar piora ou se a aparência da lesão for atípica, a biópsia pode auxiliar no diagnóstico do problema. Isso deve ser feito se a ferida não apresentar nenhum sinal de cicatrização após um período de três meses sob condições de tratamento que inclui a cobertura correta e a terapia compressiva.

Outras Preocupações dos Pacientes com Úlceras Venosas

  • Imagem corporal prejudicada.
  • Intranquilidade com o odor; dificuldade de banhar-se uma vez que os curativos não podem ser molhados.
  • O excesso de secreção que não é adequadamente controlado pode molhar as roupas. Os curativos podem ser considerados feios e aparecerem sob as roupas.
  • Devido ao edema, podem precisar usar sapatos maiores que o tamanho anterior.
  • Depressão e frustração em relação à natureza crônica da doença venosa e das úlceras.
  • Renda diminuída como um resultado da incapacidade de conseguir trabalho por causa das úlceras. Algumas pessoas precisam aposentar-se por passarem muito tempo em pé no trabalho e devido ao edema produzido pelo tipo de atividade que realizam. A perda do trabalho incorre em uma mudança no estilo de vida.
  • Qualidade de vida alterada devido a mudanças em sua mobilidade e atividade. Os pacientes sentem-se impotentes pela presença constante da úlcera e a sensação de que estão sempre em um processo de recuperação.
  • Podem sentir-se socialmente isolados, com a impressão de que ninguém se importa,e o sono pode estar prejudicado.

Avaliação de Fatores que Podem Impedir a Cicatrização de Feridas

Fatores Sistêmicos:

  1. Idade: O avanço da idade está associado com o retardamento na migração e proliferação de células, influenciando também a resposta metabólica e a resposta da matriz biosintética.
  2. Nutrição: O metabolismo de glicose prejudicado, desnutrição proteíca, deficiência de vitaminas como a de vitamina A e C e a deficiência de zinco podem também prejudicar a cicatrização de feridas.
  3. Doenças do colágeno podem afetar a ciacatrização.
  4. Drogas: Demonstrou-se que poucas drogas claramente prejudicam a cicatrizaçao de feridas. No entanto, drogas como os glucocorticóides sistêmicos (a evidência mais forte) drogas quimioterapêuticas (evidência não esclarecida) devem ser verificadas em relação à sua influência no processo de cicatrização.

Fatores locais

  1. Doença arterial com isquemia tecidual que reduz o potencial de cicatrização.
  2. Infecção bacteriana – feridas clinicamente infectadas não cicatrizarão.
  3. Uso de agentes tópicos citotóxicos – água oxigenada, hipoclorito de sódio, iodo (PVPI), ácido acético, etc.
  4. Presença de tecido necrosado.

Fatores psicossociais

  1. A ausência de redes sociais ou de sistemas de suporte.
  2. Isolamento.
  3. Dificuldades financeiras.
  4. Dor.
  5. Comportamento de não adesão em seguir os protocolos de tratamento, comparecer às consultas, não remoção de curativos, etc.
  6. Abuso de substâncias (drogas).

O projeto RECURSO EDUCACIONAL SOBRE ÚLCERA VENOSA foi desenvolvido de forma colaborativa entre a Escola de Enfermagem da Wayne State University, Detroit, Michigan, USA e a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil.
Revisão e publicação: fevereiro/2020.